Por: Metrópoles
28/06/2023 - 21:46:25

O Brasil é a nação mais ansiosa do mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para tratar a condição dos pacientes, médicos prescrevem Rivotril, considerado um dos ansiolíticos mais vendidos no país. Com receio de gerar dependência, há quem busque se acalmar sem precisar de tarja preta e tende a tomar chá de camomila, valeriana ou tília. Entretanto, há outra planta com fortes poderes relaxantes: a kava kava.

Intitulada “Rivotril natural”, a kava kava atende pelo nome científico de Piper methysticum, conforme explicou o farmacêutico Lucas Cintra, doutor em química biológica pelo Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais da Universidade de Franca (GPNUF), em São Paulo. De acordo com o especialista, a planta dispõe de um grupo de substâncias chamadas kavalactonas. Esses componentes oferecem o efeito de ansiolítico.

Essas substâncias têm a capacidade de facilitar a ação inibitória de um importante neurotransmissor envolvido na ansiedade, chamado gaba (ácido gama-aminobutírico), no sistema nervoso central. As kavalactonas apresentam atividade semelhante aos benzodiazepínicos, classe a qual pertence o clonazepam (Rivotril), amplamente utilizado para o tratamento de ansiedade”, explicou Lucas.

O farmacêutico destaca que a kava kava não está associada apenas como terapêutica da ansiedade, mas também de insônia, agitação, depressão e tensão de origem nervosa. Por ser um fitoterápico, a planta e os produtos relacionados dispõem, na maioria das vezes, de ação mais leve do que os “medicamentos alopáticos [produzem efeitos contrários aos da doença]”.

Diferentemente das fórmulas ansiolíticas, Lucas Cintra esclarece a respeito do princípio ativo da planta não ser utilizado de maneira isolada, ou seja, ele atua com outras substâncias presentes na kava kava. Por esse motivo, o consumo do chá possibilita efeitos colaterais reduzidos. “Isso justifica seu uso como auxiliar ou até mesmo em substituição aos medicamentos convencionais com orientação de um profissional habilitado”, reitera.

Cautela - Embora seja rotulada como “Rivotril natural”, a kava kava deve ser ingerida com cautela, em especial por pacientes com problemas no fígado, devido ao fato de a planta estar relacionada a casos de intoxicação hepática. “Alguns até bem graves”, alertou o especialista. Na lista de contraindicações, constam grávidas e lactantes.

Quem consome medicamentos como fluoxetina, sertralina, ácido valpróico, imipramina, codeína e outros atuantes no sistema nervoso central também não deve recorrer aos benefícios da planta. “É importante destacar que pessoas que já usam essas fórmulas precisam ter cuidado redobrado e procurar orientação profissional antes de utilizar a kava kava”, atestou Lucas.

Modo de preparo - Para preparar o chá de kava kava, é necessário colocar uma colher de sopa dos rizomas da planta para ferver em 500 mililitros de água ao longo de 10 minutos. Ao término, vale coar. “Você pode tomar a bebida de duas a três vezes por dia ou nos momentos em que sentir maior ansiedade, por exemplo”, recomendou. Caso o objetivo esteja ligado a uma melhoria do sono, o farmacêutico orienta ingerir uma hora antes de dormir.

As mulheres podem tirar maior proveito da kava kava, afinal, ajuda no alívio de dores menstruais e auxilia no tratamento das complicações da menopausa. O especialista alega que a planta tende a ajudar em situações de incômodos abdominais de origem espástica, estados de estresse e dores musculares.

Aos interessados, há suplementos de kava kava. Questionado a respeito de qual forma tende a ser mais eficaz, Lucas enfatizou que as duas têm propriedades, porém as cápsulas elaboradas com componentes da planta trazem uma concentração conhecida de substâncias ativas, facilitando o controle na hora de ingerir.

“O chá não permite saber ao certo as concentrações utilizadas, o que pode ser arriscado, visto que em excesso essas substâncias são potencialmente tóxicas. Por outro lado, em quantidades muito baixas, não apresentam o efeito esperado”, conclui Lucas Cintra.


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