Por: Revista Fórum
08/09/2020 - 10:28:26

Há 10 anos longe da cadeira de chefe de Estado, o ex-presidente Lula, para marcar o Dia da Independência, fez nesta segunda-feira (7) um longo e contundente discurso, em um tom típico de estadista.

No pronunciamento de mais de 23 minutos, o ex-presidente lamentou as mortes causadas pela pandemia do coronavírus, falou sobre a responsabilidade do governo Bolsonaro na tragédia que o país vive, denunciou o desmonte da soberania nacional e do meio ambiente e ainda apontou caminhos para que o Brasil volte a se desenvolver após a pandemia.

“Cada um desses mortos que o governo federal trata com desdém tinha nome, sobrenome, endereço. Tinha pai, mãe, irmão, filho, marido, esposa, amigos. Dói saber que dezenas de milhares de brasileiras e brasileiros não puderam se despedir de seus entes queridos. Eu sei o que é essa dor. Teria sido possível, sim, evitar tantas mortes”, afirmou, denunciando ainda que o dinheiro que poderia ser usado para o combate ao vírus foi utilizado pelo governo para pagar juros ao sistema financeiro.

“O Conselho Monetário Nacional acaba de anunciar que vai sacar mais de 300 bilhões de reais dos lucros das reservas que nossos governos deixaram. Seria compreensível se essa fortuna fosse destinada a socorrer o trabalhador desempregado ou a manter o auxílio emergencial de 600 reais enquanto durar a pandemia. Mas isso não passa pela cabeça dos economistas do governo. Eles já anunciaram que esse dinheiro vai ser usado para pagar os juros da dívida pública!”, declarou.

Em outro ponto de seu pronunciamento, Lula falou sobre o desmonte da soberania nacional que vem sendo encampado pelo governo Bolsonaro e que, segundo ele, é um crime de lesa-pátria.

“Soberania significa independência, autonomia, liberdade. O contrário disso é dependência, servidão, submissão”, disse. “O governo atual subordina o Brasil aos Estados Unidos de maneira humilhante, e submete nossos soldados e nossos diplomatas a situações vexatórias. E ainda ameaça envolver o país em aventuras militares contra nossos vizinhos, contrariando a própria Constituição, para atender os interesses econômicos e estratégico-militares norte-americanos”, completou o ex-presidente.

“A submissão do Brasil aos interesses militares de Washington foi escancarada pelo próprio presidente ao nomear um oficial general das Forças Armadas Brasileiras para servir no Comando Militar Sul dos Estados Unidos, sob as ordens de um oficial americano”, pontuou ainda.

Entre outros assuntos, Lula falou também sobre os planos do governo para privatizar estatais, como a Caixa e o Banco do Brasil, a venda de ativos do Pré-Sal e a entrega da Embraer.

Comentou ainda a perseguição que o governo Bolsonaro vem encampando contra a área da Cultura. “A obsessão destrutiva desse governo deixou a cultura nacional entregue a uma sucessão de aventureiros. Artistas e intelectuais clamam pela salvação da Casa de Ruy Barbosa, da Funarte, da Ancine. A Cinemateca Brasileira, onde está depositado um século da memória do cinema nacional, corre o sério risco de ter o mesmo destino trágico do Museu Nacional”, declarou.

Também foram pauta do discurso o genocídio da população negra no Brasil e a violência contra as mulheres, além dos ataques à população indígena e quilombola e seus territórios.

Em outro momento, Lula falou sobre o golpe de 2016 que tirou Dilma Rousseff da presidência e a máquina de fake news do governo, além de resgatar a fraude encampada para tirá-lo do páreo nas eleições de 2018. “Aceitaram como natural sua fuga dos debates. Derramaram rios de dinheiro na indústria das fake news. Fecharam os olhos para seu passado aterrador. Fingiram ignorar seu discurso em defesa da tortura e a apologia pública que ele fez do estupro.As eleições de 2018 jogaram o Brasil em um pesadelo que parece não ter fim”, disparou.

O petista fez questão, ainda, de apontar possíveis caminhos para que o país volte a se desenvolver após a pandemia e se colocou “à disposição do povo brasileiro”, sugerindo que continuará atuando politicamente para derrotar Bolsonaro nas urnas.

“Eu sei – vocês sabem – que podemos, de novo, fazer do Brasil o país dos nossos sonhos. E dizer, do fundo do meu coração: estou aqui. Vamos juntos reconstruir o Brasil. Ainda temos um longo caminho a percorrer juntos. Fiquem firmes, porque juntos nós somos fortes. Viveremos e venceremos”, finalizou.

 


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