Por: Por TV Santa Cruz
14/11/2019 - 12:45:36

Familiares de garotos que sonham em ser jogadores de futebol na cidade de Ibicaraí, no sul da Bahia, denunciaram um homem que diz ser agenciador de atletas. Alessandro Nascimento, de 14 anos, é um dos jovens que recebeu a promessa de um homem chamado Cláudio Moraes, para jogar no Corinthians. Segundo o garoto, que treina pelo menos três vezes na semana, o agenciador informou que ele precisava pagar R$ 230 pelo contrato.

"A gente pensou até que tinha acontecido um acidente com ele, um que aconteceu em Ilhéus, todo mundo perguntava se era ele que estava no carro. Ele sumiu nesse dia", contou o garoto. "Eu tive que arrumar esse dinheiro, tomar emprestado, porque ele [Alessandro] começou a chorar e falar que não ia dar certo e eu disse que ia. Aí peguei e tomei [dinheiro] do vizinho emprestado", disse a mãe de Alessandro, Tatiane Serpa.

Ao todo 14 jogadores receberam propostas de Cláudio Moraes e cinco deles registraram ocorrência na delegacia de Ibicaraí. Célia Santos registrou queixa após pagar por um contrato para o filho jogar no Gil Vicente, clube que disputa a primeira divisão de Portugal.

"Sempre foi o sonho dele [filho] jogar muito longe. Eu perdi R$ 600", lembrou. Segundo os familiares, Claudio Moraes negociava os preços através de áudios e vídeos enviados pelo WhatsApp. O treinador de futebol Anderson Lima foi a pessoa que manteve contato com Cláudio Moraes nos últimos dois meses.

"Eu estou aqui comunicando a vocês tudo, a documentação vai ficar pronta hoje e esses contratos de Ibicaraí vão ser assinados amanhã a tarde e daí automaticamente vai ocorrer a liberação do dinheiro. Na sexta-feira pela manhã estaremos viajando", diz Claudio Moraes em vídeo enviado para os pais dos garotos.

"Eu não dependo do dinheiro de ninguém, está certo? Eu não dependo do dinheiro de ninguém, mas essa taxa que eu coloquei aqui é a taxa simbólica que vocês têm de pagar. Isso aí é lei, se eu fosse colocar taxa de viagem, essas coisas, ninguém iria fazer isso, mas eu consegui o melhor, que foi o contrato. Eu não estou ganhando nada em cima de vocês", concluiu.

De acordo com Anderson, os valores pagos pelos pais dos jogadores variaram entre R$ 200 e R$ 2 mil por atleta. Meninos de outras seis cidades da região também caíram no golpe.

"As cidades que foram atingidas por esse golpe foram Ibicaraí, Itororó, Almadina, Itabuna, Ubatã, Ilhéus, Itapé e Itacaré. Dentro dessas cidades que eu citei são aonde eu tenho o meu trabalho regional conhecido, não só em Ibicaraí, mas em boa parte da região, foi aonde eu tive o contato dos alunos e que eu fui tentar levar oportunidades, sonhos oficiais para eles, mas chegou alguém para estragar esse sonho", lamentou o treinador.

Além dos valores cobrados para levar os jogadores até os times, o agenciador também pediu aos pais uma contribuição pra alugar vans que levariam 70 pessoas até Ilhéus, cidade que também fica no sul da Bahia, onde aconteceria um jantar de despedida dos atletas. De acordo com os familiares, a festa também nunca aconteceu.

Para os pais do jovem Adriano Leal, de 19 anos, que perderam quase R$ 2 mil, o maior prejuízo foi ver a frustração do garoto.

"A gente fica triste com isso, porque eu acreditei muito. É um cara que parecia ser direito. O cara só falava em Deus e eu acreditava, mas na verdade foi adiando até que chegou a hora que ele não poderia adiar mais e a casa caiu. Esperamos que Justiça seja feita e que ele pague pelo que ele fez", lamentou o açougueiro Jair Leal.

"Quando a gente fica sabendo de questão de peneira, eu botei 19 anos, já é o meu último ano de futebol de acreditar. A gente vai se organizando e quando acaba acontecendo o que aconteceu com todos nós, a gente acaba desistindo. É o meu último ano, perdemos tudo o que a gente tinha, apostamos em uma coisa que deu errado", disse Adriano.

O caso é investigado na delegacia de Ibicaraí. A reportagem da TV Santa Cruz entrou em contato com o agenciador Cláudio Moraes e ele informou que quer devolver o dinheiro das famílias e pretende fazer isso até segunda-feira (18). O suspeito também disse que as viagens não deram certo, porque houve um atraso na documentação tanto por parte dele como dos atletas por meio do treinador.

 

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