Por: Yasmine Sterea/Vogue
07/05/2020 - 17:01:09

Mães, chefes de família, avós, líderes, filhas. Por incrível que pareça a pandemia nos afeta ainda mais, ao evidenciar todas as desigualdades e dores que estavam atrás de um véu ilusório e nos mostrar tudo que precisamos mudar, tudo que precisamos ver, entender e dialogar. E eu como mulher e você como mulher precisamos nos unir para apoiar outras mulheres também. Afinal, hoje, mais do que nunca, o tamanho do nosso privilégio é o tamanho da nossa responsabilidade social. E por isso precisamos pensar em ações voltadas para as necessidades femininas.

Para ter uma ideia, o impacto social do novo coronavírus é muito maior nas mulheres do que você imagina. Nós mulheres representamos 70% das pessoas que trabalham no setor social e de saúde, além de sermos três vezes mais responsáveis pelos cuidados não-remunerados em casa, segundo informações da ONU Mulheres. É preciso que seja tomada uma série de medidas específicas de apoio às mulheres que atuam na contenção da doença, como acordos de trabalho flexíveis, e também a manutenção de serviços essenciais de saúde para mulheres e meninas.

Em casos de outras doenças que tiveram surtos recentes, como Ebola e Zika, foi demonstrado que serviços de que as mulheres precisam são reduzidos, como por exemplo a diminuição do acesso a cuidados de saúde pré e pós-natal e a contraceptivos quando os atendimentos de saúde estão sobrecarregados. Há ainda o risco da violência doméstica aumentar em um panorama de tensão e isolamento. Isso já está acontecendo em São Paulo e o Ministério Público aponta um aumento de 30% dos casos durante a quarentena. Um grande avanço nesse momento é o boletim de ocorrência online. Então hoje as mulheres que estão sofrendo qualquer tipo de violência não precisam mais sair de casa para fazer uma denúncia. Algo que por si só já é tão difícil e doloroso.

Outro fator preocupante é que grande parte das mulheres trabalha na economia informal, sem segurança de renda, e assim os impactos econômicos da Covid-19 afetarão ainda mais nós mulheres. Com o fechamento de escolas e creches para conter a disseminação do coronavírus, a capacidade das mulheres de se envolverem em trabalhos remunerados enfrenta barreiras extras e a disparidade salarial entre homens e mulheres sobe para 35% em alguns países.

Sarah Hendriks, diretora de Políticas, Programas e Divisão Intergovernamental da ONU Mulheres, afirma que o órgão está trabalhando com parcerias para garantir que o impacto de gênero da Covid-19 seja levado em consideração nas estratégias dos governos nos níveis nacional, regional e global. A entidade emitiu um conjunto de recomendações, colocando as necessidades das mulheres no centro de uma resposta eficaz à Covid-19, como garantir a disponibilidade de dados desagregados por sexo, incluindo taxas diferentes de infecção e incidência de violência doméstica e abuso sexual, desenvolver estratégias de mitigação que visem especificamente o impacto econômico do surto nas mulheres, proteger serviços essenciais de saúde para mulheres e meninas, incluindo serviços de saúde sexual e reprodutiva, entre outros.

Essa crise impacta todas nós, e precisamos garantir que todas tenham seus direitos respeitados, com um olhar especial para aquelas que estão em situação de vulnerabilidade. São tempos de reflexão, ressignificação, mas mais do que isso são tempos de ação. Como diz o Free Free, vamos juntas construir um mundo em que todas as mulheres tenham liberdade física, saúde emocional e financeira. E hoje eu pergunto, o que você pode fazer para melhorar esse quadro? Nossas ações de hoje influenciam o futuro que estamos construindo para os nossos filhos e filhas.

 

Enquete

Qual país tem o melhor sotaque?









VOTAR PARCIAL