Protagonista na agricultura familiar baiana, o sistema produtivo do cacau tem gerado emprego, renda, autonomia econômica e segurança alimentar a quem vive do fruto e seus derivados, além de notoriedade nacional e internacional. Neste 26 de março, o Dia Nacional do Cacau é comemorado por pelo menos 32 mil famílias de agricultores familiares nos territórios da cacauicultura baiana diretamente alcançadas pelas políticas públicas da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR). Dentre as ações, aproximadamente R$ 30 milhões em assistência técnica e extensão rural (ATER) no Litoral Sul e Baixo Sul.
A ATER pública tem sido garantida pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) nos últimos 10 anos, por meio de equipes técnicas nos Territórios de Identidade, entidades parceiras e consórcios intermunicipais. Da cabruca à barra de chocolate e outros derivados, o governo do estado investe em tecnologia e diversificação para expandir o sistema produtivo.
São mais de R$ 286 milhões investidos entre preparo da terra, com calcário, gesso agrícola e análises de solo, produção e distribuição de mudas de alto valor agronômico, agroindústrias, serviços de ATER e títulos de terras. Somente nos últimos três anos, a SDR distribuiu às famílias rurais em torno de 2,5 milhões de mudas certificadas de cacau, produzidas pela Biofábrica da Bahia, no Litoral Sul.
“Todo o investimento realizado no sistema produtivo do cacau permitiu que a produtividade pouco sofresse com as recentes seca e estiagem, por exemplo. Além disso, levamos informações técnicas aos agricultores para prevenção e controle de pragas e doenças, desenvolvemos uma relação de troca de experiências para que sejam respeitadas suas culturas e tradições e garantimos que tenham em mãos o documento que os credencia para o acesso a políticas públicas – o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF)”, elenca o titular da Bahiater, Lanns Almeida.
REFERÊNCIA INTERNACIONAL
A Bahia é uma referência para outros estados brasileiros e também para outros países em se tratando de agricultura familiar. Recentemente, o programa Cacau Mais, executado pelo Consórcio Intermunicipal do Mosaico das Apas do Baixo Sul (Ciapra Baixo Sul), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e ação Regional (CAR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), no Baixo Sul da Bahia, foi reconhecido em Amsterdã, na Holanda, durante o evento “Partnership Meeting 2024”, da World Cocoa Foundation, organização mundial que representa os setores de cacau e chocolate.
O Cacau Mais beneficia mais de 2.400 agricultores e agricultoras familiares. “O Cacau Mais foi considerado uma experiência exitosa, que reúne poder público estadual e municipal, iniciativa privada e organização social em torno do desenvolvimento de uma região, elevando o padrão de renda e promovendo a dignidade no campo”, afirma o secretário executivo do Ciapra, Leandro Ramos.
ATER QUE IMPULSIONA
Os editais de chamamento público da Bahiater já somam R$ 676 milhões de investimentos em ATER por toda a Bahia, incluindo o novo edital, ATER Bahia Sem Fome, com inscrições abertas até 1º de abril. O montante está levando qualidade de vida a mais de 110 mil famílias rurais.
“O projeto é muito importante pra gente, porque somos uma comunidade pequena e a gente precisa de assistência técnica para dar continuidade ao nosso trabalho nas roças”, destaca Ivonete Vitorino, atendida pelo ATER Agroecologia no Assentamento Cruzeiro do Norte, em Itajuípe, onde produz, além de cacau, banana e coco.
“Gosto das atividades que foram feitas: análise de solo, cursos sobre padrão de qualidade do cacau, enxertia, poda, já fiz aplicação de produto para o cacau ser de qualidade. Quem está obedecendo às recomendações, está sentindo resultado. Antes eu tirava 40 quilos de cacau por corte, hoje tiro seis arrobas por corte, e vamos chegar a oito arrobas em alguns dias com facilidade”, ressaltou o agricultor José Paulo da Silva, da Associação Quilombola de Santa Luzia, em Maraú, também alcançado pelo edital, atualmente em fase de conclusão.
Hoje, a Região Cacaueira possui uma área plantada de cacau de aproximadamente 439 mil hectares, e cerca de 60% dela está no sistema cabruca: debaixo da mata. É com a essência da conservação produtiva da Mata Atlântica que a Natucoa, marca de chocolates e outros derivados do cacau, atua no Litoral Sul.
“A busca que a gente tem em relação à qualidade veio só depois da assistência técnica, que é fundamental aos agricultores. E a gente notou a importância da qualidade do cacau para se ter um bom chocolate. O ciclo só é redondo quando acontece da melhor maneira: assistência técnica eficiente na base, a cooperativa estar o tempo inteiro presente, os métodos e como o cacau chega na cooperativa”, finaliza a presidente da Cooperativa de Serviços Sustentáveis da Bahia (Coopessba), que gere a Natucoa, Carine Assunção.
Fotos: Mariana Ferreira/Bahiater/SDR/GOVBA