Por: Juliana Morales
08/03/2021 - 07:06:24

Março, o Mês da Mulher, é sempre marcado por muita luta. Este ano, em meio a enorme crise sanitária que vivemos, a data é representativa também para falar da batalha de tantas profissionais da área da área da saúde, Ciência e serviços essenciais que estão na linha de frente contra o coronavírus e todo o negacionismo que cerca a pandemia.

As mulheres representam 70% da força de trabalho em serviços social e de saúde ao redor do mundo. Os dados são do documento “Um olhar para gênero” do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que aponta desigualdades de gênero e a piora da qualidade de vida das mulheres durante a pandemia.

O estudo aborda o fato das mulheres terem menos probabilidade do que os homens em ter poder nas decisões em torno da pandemia. Esse nível inadequado de representação feminina no planejamento e resposta à crise sanitária pode fazer com que necessidades gerais, sexuais e de saúde reprodutiva e de saúde das mulheres deixem de ser atendidas.

“Dado que as mulheres fornecem a parte principal das intervenções de atenção primária à saúde, incluindo a interação da linha de frente a nível da comunidade, é preocupante que elas não estejam totalmente engajadas na tomada de decisões e no planejamento de intervenções, vigilância de segurança, detecção e mecanismos de prevenção”, alerta o documento.

Mulheres à frente

Uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial e pelo think tank Center for Economic Policy Research em 2020, chamada “Liderando a luta contra a pandemia: Gênero ‘realmente’ importa?”, em tradução livre, mostrou que países liderados por mulheres tiveram resultados “sistematicamente e significativamente melhores” no combate à covid-19. Com medidas rígidas de isolamento antecipadas, estes países reduziram pela metade o número de mortes em relação a nações encabeçadas por homens.

Jacinda Ardern, primeira-ministra da Nova Zelândia, Angela Merkel, da Alemanha, Mette Frederiksen, da Dinamarca, Tsai Ing-wen, de Taiwan e Sanna Marin, da Finlândia, se destacam com bons resultados.

Na Ciência

Nos laboratórios, mulheres também vão deixar um legado importante. Bem no início da pandemia, no cenário mais incerto, pesquisadoras do IMT (Instituto de Medicina Tropical) da USP (Universidade de São Paulo) trouxeram respostas importantes para o Brasil e o mundo.

Usando uma metodologia de baixo custo, o grupo de mulheres brasileiras revelaram o sequenciamento genético do novo coronavírus em 48 horas, tempo recorde.  A médica Ester Sabino coordenou a pesquisa. A sua grande experiência com estudos de DNA dos vírus da dengue, zika e chikungunya foi essencial para o processo rápido de descoberta do sequenciamento. O trabalho de sua equipe facilitou o rastreamento e diagnóstico da doença.

Ao seu lado, liderando o estudo, também se destacou a biomédica Jaqueline Goes de Jesus. A pesquisadora baiana também faz parte da Equipe Halo, uma iniciativa que juntou cientistas do mundo para a divulgação científica. Eles usaram conteúdos no Twitter e TikTok para informar a sociedade sobre a importância da ciência.

No Rio de Janeiro, a mestre em ciência política e doutora em sociologia Nísia Trindade Lima também faz história: a carioca é a primeira mulher a ocupar a presidência da Fiocruz. Ela está no comando diante de um dos maiores desafios da história da instituição, que responsável por produzir, no Brasil, a vacina desenvolvida em parceria com Oxford e a AstraZeneca.

No Brasil de fake news, mulheres informam

Além da doença que já tirou a vida de mais de 260 mil brasileiros, o Brasil enfrenta uma onda terrível de desinformação sobre a pandemia. Um exemplo é como o suposto “tratamento precoce” – defendido pelo presidente Jair Bolsonaro – continua ganhando espaço, mesmo após a Anvisa e a OMS negarem sua veracidade.

Nesse cenário de fake news, médicas, infectologistas e epidemiologistas mulheres viraram importantes porta-vozes de informação sobre a covid-19. É o caso da microbiologista Natalia Pasternak. Ela se tornou um rosto muito conhecido por esclarecer pontos importantes sobre o vírus em seguidas entrevistas para telejornais.

De forma incisiva, Pasternak vem lutando contra o negacionismo em relação à ciência. Durante uma participação em um jornal da TV Cultura, a pesquisadora reagiu com irritação a uma reportagem que tentou ser bem-humorada com os que negam a pandemia. Ela falou da gravidade de não usar máscara e desrespeitar o isolamento.

A pneumonologista e pesquisadora da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcolmo é outra figura marcante na luta por informação de qualidade para a população. Seus conhecimentos antes passado mais em aulas e congressos, alcançaram milhares de pessoas por meio de participações em programas de TV, lives e na divulgação de artigos sobre o coronavírus.

Dalcomo está coordenando o estudo da Fiocruz com a vacina BCG que visa reduzir o impacto do Covid-19 em trabalhadores de saúde. A princípio, a BCG é utilizada para prevenir as formas graves de tuberculose na infância, mas também já ficou reconhecida por gerar uma resposta imunológica ampla contra outras infecções.

Assim, pesquisas buscam verificar a possibilidade dela proteger também contra a Covid-19 por suscitar ação celular contra organismos como vírus, por meio da resposta imune inata. 

 


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